domingo, 17 de outubro de 2010

"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos,

coubera arrancar de seu coração a flecha farpada.

De chofre explicava-se para que eu nascera
com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor.
Para que te servem essas unhas longas?
Para te arranhar de morte
e para arrancar os teus espinhos mortais,
responde o lobo do homem.
Para que te serve essa cruel boca de fome?
Para te morder e para soprar a fim
de que eu não te doa demais,
meu amor, já que tenho que te doer,
eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada.
Para que te servem essas mãos que ardem e prendem?
Para ficarmos de mãos dadas,
pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram
os lobos e olharam intimidados as próprias
garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir. "


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