sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Hino de Elefantes de Olinda





"Olinda quero cantar"

"Olinda, quero cantar a ti esta canção
Teus coqueirais, o teu o sol, o teu mar
Faz brilhar meu coração
De amor, a sonhar
Minha Olinda sem igual
Salve o teu Carnaval!"

Quando a gente ouve esta e outras músicas, dá vontade de sair pulando no meio da multidão, que nem "pipoca", subindo e descendo as ladeiras histórias da cidade de Olinda (Patrimônio Cultural da Humanidade).
Bom carnaval
Van

Orgulho de um sambista






Jair Rodrigues

Você falou que junto comigo não mais desfilava
que se a minha escola perdesse você não ligava
Você falou que junto comigo não mais desfilava
e que se a minha escola perdesse você não ligava
Ensaiei o meu samba-enredo pra minha escola ganhar
e na ala de porta-bandeira você não quis desfilar
o meu povo inteiro chorou e você sorria
pois trocou nossa escola de tempos
por um simples amor de três dias
sufoquei minha dor em sorrisos para não chorar
tudo isso ajudou minha escola a ganhar
Mas esse orgulho eu vou levar comigo pro resto da vida
me contaram que você chorou quando eu passei na avenida
vendo outra de porta-bandeira
desfilando em seu lugar
comissão julgadora presente falou que o meu samba ia ganhar
Meu bem o azar foi seu
eu ganhei o carnaval
porque você perdeu
e me perdeu...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Difícil ser transparente?



Rosana Braga
Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente?
Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros.
Mas ser transparente é muito mais do que isso. É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde!
Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco.
Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...
Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo! Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção... E assim, vamos  nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos.

Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado.
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos...
Daquilo que pulsa e grita dentro de nós,mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos! Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: "você está me machucando...
pode parar, por favor?".
 Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor... Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo,não desejar parecer tão invencível. Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto, que consigamos docemente viver, sentir, amar... E que você seja não só razão, mas também coração, não só um escudo, mas também sentimento.
Seja transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fica comigo




Rosalva Rela


Por favor, não vá!!!

Preciso que fique,

Não se desfaça no tempo

Não me abandone neste momento

Fique, por favor...

Não vá!!!


Não deixe que eu perca a esperança

Preciso de você, doce lembrança,

Até que ele consiga voltar.

Fica comigo, não vá...

Que farei sem a tua companhia

Quando a solidão vier me visitar?

Que faço eu, sem você?

Fica e me acompanha

Não vá, não agora,

Não me abandona


Te quero hoje

Tanto ou mais do que quis ontem e

Sei que amanhã, ainda vou te desejar...

Fica...não vá ainda...

Deixa-me voar um pouco mais...

Empresta-me novamente tuas asas

Preciso tanto que espere

E quando mais uma vez

Estiver eu, a amar,

E se desta vez, então, for amada.

Eu te libero...

Pois deixarei de apenas sonhar!!!


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Para alguém especial



Ontem dia 09/02 seria comemorado o aniversário de uma mulher maravilhosa, guerreira, humana, só que ela já não está entre nós, a minha flor de maracujá, a minha mamãe.
Sua Vaneidinha (era assim que ela me chamava) está aqui fazendo juz a tudo que você ensinou. A saudade mora em mim, mora em nós que continuamos te amando.
Te amarei sempre Adelaide, porque laços de família são eternos. Se mil vidas eu tivesse, nas mil vidas desejaria ser tua filha, sinto falta do seu carinho, dos seus conselhos. Quando ela me via chateada dizia: Minha filha tudo na vida só tem o valor que a gente dá. Uma grande verdade mamãe, e outras tantas que você me ensinou.
Ela sempre cantava uma música para seu grande amor(meu pai) "Saudade, meu bem saudade. Saudade do meu amor, que foi embora e nunca mais voltou"
Ela adorava essa música de Roberto Carlos- A cigana
Prá você mamãe com carinho



.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O que é saudade?



Texto:Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife Boa Vista D4500
Cremepe 5758"

Relato de vida maravilhoso vivido por esse médico, e que se aplica a todos nós com certeza, tornando-nos mais humanos e solidários, para com nosso irmãozinho.

Médico cancerologista,já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivencia e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes.
Dizem que a dor é quem ensina a viver.
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão,até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além.
Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.
Um dia, um anjo passou por mim...
No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil.
Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças.
Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades.
Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses".
Só que não o somos!
Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado.
É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além.
Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom.
Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses.
Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional.
Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria.
Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças.
Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapia e radioterapia.
Mas nunca vi meu anjo fraquejar.
Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro.
Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano!
Mas via confiança e determinação.
Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto.
Perguntei pela mãe.
E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores.
Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim.
Mas eu não tenho medo de morrer, tio.
Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:
- E o que morte representa para você, minha querida?
Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes,vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos,costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)
- É isso mesmo, e então?
Vou explicar o que acontece, continuou ela:
Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
- É isso mesmo querida, você é muito esperta!
Olha tio, eu não nasci para esta vida!
Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar.
Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado" .
Boquiaberto, não sabia o que dizer.
Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.
E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.
Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo:
- E o que saudade significa para você, minha querida?
- Não sabe não tio?
Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade:é o amor que fica!
Um anjo passou por mim...
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar.
Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos.
Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença,e a quem nunca mais esqueci
. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.
Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu anjo, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste.
Que bom que existe saudades!
O amor que ficou é eterno

Pedido de demissão



Texto de: Maria Clara Isoldi White

Venho através desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.

Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de 8 anos no máximo

Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas

Quero acreditar que tudo é possivel

Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantado, com as pequenas maravilhas deste mundo...

Quero de volta uma vida simples e sem complicações

Cansei dos dias cheios de computadores que falham, montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e,

Necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe!!!!!!!!!

Não quero mais, ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.

Não quero mais ser obrigado a dizer adeus às pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida!

Quero ter a certeza de que DEUS está no céu, e de que por isso tudo está direitinho neste mundo...

Quero viajar ao redor do mundo, num barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva.

Quero jogar pedrinhas na água,e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.

Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e, ficar com a cara toda lambuzada.

Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou,quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas

Quero poder passar as tardes de verão, numa bela praia, construindo castelos na areia, e dividindo-os com meus amigos...

Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!

Quero que as maiores competições que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude, ou uma pelada...

Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia, era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a “Batatinha quando nasce...” e a “Ave Maria...”, e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.

Quero voltar ao tempo em que se era feliz, simplesmente porque se vivia na bendita ignorância da existência de coisas que podiam nos preocupar ou aborrecer...

Quero poder acreditar no poder dos sorrisos, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.

Quero estar convencido, de que tudo isso...

Vale muito mais do que o dinheiro!

A Partir de hoje, isto é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.

Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar...

PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!

E para sair do pegador só tem um jeito:

Demita-se, você também dessa sua vida chata de adulto,

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ ! ! !

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Alma dos diferentes




Artur da Távola

"... Ah, o diferente, esse ser especial!

Diferente não é quem pretenda ser.

Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros.

Que riem de inveja de não serem assim.

E de medo de não agüentar, caso um dia venham, a ser.

O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.

O diferente nunca é um chato.

Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas.

Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.

Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.

Diferente que se preza entende o porque de quem o agride.

Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.


O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano.

O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura.

O que é percepção aguçada em : "Puxa, fulano, como você é complicado".

O que é o embrião de um estilo próprio em :

"Você não está vendo como todo mundo faz? "

O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando.

Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.

O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.

Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.

É o que engorda mais um pouco;

chora onde outros xingam;

estuda onde outros burram.

Quer onde outros cansam.

Espera de onde já não vem.

Sonha entre realistas.

Concretiza entre sonhadores.

Fala de leite em reunião de bêbados.

Cria onde o hábito rotiniza.

Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera.

Aceita empregos que ninguém supõe.

Perde horas em coisas que só ele sabe importantes.

Engorda onde não deve.

Diz sempre na hora de calar.

Cala nas horas erradas.

Não desiste de lutar pela harmonia.

Fala de amor no meio da guerra.

Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.

Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba.

Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além.

Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender.

Nessas moradas estão tesouros da ternura humana.

De que só os diferentes são capazes.

Não mexa com o amor de um diferente.

A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois."

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

VOCABULÁRIO PARA NETOS




Estava eu no computador, após ter visitado meus netos, Luiza, Letícia e Luan, e haver ensinado um pouco do dever de casa à primeira, quando me veio à cabeça a idéia
de fazer um pequeno dicionário para que eles entendessem mais profundamente, sem a formalidade das regras gramaticais ou amarras filosóficas, o significado de algumas palavras importantes na vida de qualquer pessoa.

Texto de Luiz Gonzaga Pinheiro

VOCABULÁRIO PARA NETOS

Quem sabe um dia, quando forem adolescentes e tiverem oportunidade de ler o que eu escrevi, procurem raciocinar sobre as palavras lá contidas, e amando-as, as deixem entrar e morar em seus corações.
Engraçado é que este exercício me levou a uma séria reflexão sobre a pobreza das palavras, notadamente quando queremos expressar nossos sentimentos.
O que sentimos é imensamente mais belo e rico, de mais profundidade do que aquilo que conseguimos grafar.
Parece que quanto mais simples somos em nossa comunicação, mas nos fazemos entender e mais tocamos a corda do sentimento de quem nos lê ou escuta.
Foi por causa dessa reflexão sobre a simplicidade das palavras em nossa comunicação, que introduzi o texto abaixo neste livro, convidando os leitores para que também meditem nas palavras que utilizam, principalmente no relacionamento com quem amam.

Meu guia espiritual, Francisco, me advertira de que trataríamos de um drama muito sofrido. Que começasse pela ternura. Portanto, o texto é também uma tentativa de preparar o leitor para as dores que serão narradas.

O texto a seguir, foi retirado do livro:
"O homem que veio da sombra"

Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.

Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.

Amor ao próximo:É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.

Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.

Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo

Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.

Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos.

Doutrinação: É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra.

Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente
e a gente estando apressado não reclama.

Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração.

Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.

Fé: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.

Filhos: É quando Deus entrega uma jóia em nossa mão e recomenda cuidá-la

Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.

Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.

Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.

Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.

Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.

Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar.

Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser.

Mediunidade com Jesus: É quando a gente serve de instrumento em uma comunicação mediúnica e a música tocada parece um noturno de Chopin.

Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade.

Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.

Obsessor: É quando o Espírito adoece,manda embora a compaixão e convida a vingança para morar com ele.

Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.

Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.

Paz: É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever.

Perdão: É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamais a teria.

Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.

Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.

Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece.

Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.

Reencarnação: É quando a gente volta para o corpo, esquecido do que fez, para se lembrar do que ainda não fez.

Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo.

Sexo: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.

Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio.

Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.

Solidão: É quando estamos cercado por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.

Supérfluo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro.

Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.

Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.

Do Livro:
"O homem que veio da sombra"
de Luiz Gonzaga Pinheiro