domingo, 7 de setembro de 2008

O Gafanhoto





Lenda árabe desvenda, em ricas parábolas, a magia das diferenças

Georges Bourdoukan

Conta-se, mas Allah sabe mais, que há muitos e muitos anos vivia no oásis de Bukra um povo cuja bondade nem o tempo conseguia medir. Esse povo era guardião do Kitab-ul-Kutub (livro dos lvros) que deveria servir de guia para a humanidade e de forma alguma poderia cair em mãos erradas, sob o risco de despertar o Incontrolável. Na capa, letras circundavam a figura de um gafanhoto onde se lia:

Ser humano é entender que a
Diversidade leva à unidade,
Que a unidade leva à solidariedade,
Que a solidaridade leva à igualdade,
Que a igualdade leva à liberdade,
Que a liberdade leva à diversidade.


Nas páginas internas, desenhos de animais vinham acompanhados de parábolas.

A do cavalo dizia:

"Vivemos num eterno círculo, onde as retas não tem fim"

A do camelo apregoava:

"Impossível e nunca são palavras que não devem ser pronunciadas porque a natureza humana não suporta limites"

A da gazela ensinava:

"A sabedoria é como a água, quem não tem sede não sente prazer em beber"

A da águia alertava:

"Nenhuma coisa pode ser vista se não souber como vê-la"

A do touro lamentava:

"Quem pensa somente no futuro é um insensato; afinal, o que o futuro lhe trouxe?"

A do escorpião instruía:

"Fuja do hábito ou ele acabará anulando a sua vida"

A da serpente proclamava:


"Imortal, a humanidade jamais terá fim, pois Deus precisa do homem para existir"

Na página central , ao lado da imagem do gafanhoto , um texto esclarecia:



"O gafanhoto reúne a natureza e a forma dos sete viventes. Tem a cabeça do cavalo, o pescoço do touro, as asas da águia, os pés do camelo,a cauda da serpente,
o ventre do escorpião, e os chifres da gazela.Se você chegou até aqui e não entendeu a mensagem, não prossiga. Observe e aprenda que os animais são mais generosos que, os homens , pois nunca se viu um leão escravo de outro leão,nem cavalo de outro cavalo."


Não se sabe o que aconteceu com o povo de Bukra nem com o livro. Beduínos da tribo dos Bani-Nujum deixaram relatos de que eles teriam se ocultado para proteger o livro do Al-Dajal,Trazido pelo vento norte. E que um dia reapareceriam para que a humanidade pudesse entender o significado do círculo.

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