sábado, 31 de maio de 2008

ESSA É UMA PARTE DA MINHA HISTÓRIA






Meus dois amores

Alexsandro e Adeildo Carlos

Casei aos 17 anos, Alexsandro meu primeiro filho nasceu em 01-08-74, por insistência de Sandrinho em ter um irmãozinho me submeti a tratamento para engravidar. O meu segundo filho, Adeildo nasceu no dia 15-01-81. Deus me concedeu a graça de cuidar de duas jóias raras, mas as jóias tiveram problemas na sua criação e necessitariam de cuidados especiais, esse detalhe eu desconhecia. Só vim saber anos mais tarde e assim relato parte da minha história de vida, de experiências e de muita dor. Que o meu relato sirva de exemplo para os pais, para que não aceitem tudo que os médicos dizem como verdade única, na dúvida, busquem outros profissionais, e para que os médicos não se acomodem em seus diagnósticos , investiguem , salvem vidas.

Em 1985, aos 11 anos Alexsandro teve uma hepatite, diagnosticada como medicamentosa, devido à quantidade de corticóides que tomava para alergia. Os médicos sempre deixavam claro que ele tinha o fígado com volume acima do normal, mas associavam ao uso da medicação.

Em 1997 ele teve um desmaio sem causa aparente, e apresentava dores nas juntas, fadiga muscular, abdomem crescido. Mais uma vez foi atribuído ao uso do corticóide.
Alexsandro estava no último ano de Patologia (curso técnico).
Os sintomas de fraqueza nas pernas, mal estar, abdomem sempre crescido e perdendo peso, tudo que ele comia, em seguida vomitava. Numa dessas vezes saiu um pouco de sangue, Foi ao médico e ele pediu que internasse imediatamente Ele internou-se em um "Hospital" público aqui em Paulista-PE , a única coisa que a médica sabia fazer era perguntar se ele bebia(Graças a Deus esse Hosptal fechou). Mesmo sem apresentar melhoras, oito dias após o internamento ela deu alta alegando que o caso dele era para ser tratado em ambulatório.

Não apresentando melhoras o levamos para o Dr. Flávio Medeiros que pediu alguns exames e o diagnóstico foi hepatite já em estágio avançado. No dia 04-06 ele vomitava verde, a urina muito escura e febre. Levamos Sandrinho para o Oswaldo Cruz, foi feita uma avaliação pela equipe médica e pediram que voltássemos no dia seguinte que eles iriam conseguir uma vaga para interná-lo. No dia seguinte ao acordarmos nos deparamos com um quadro assustador a cor dele era verde, a sensação que tive foi, perdi o meu filho.

Ele deu entrada no Oswaldo Cruz no dia 05-06 ficando na ala de doenças infecto-contagiosas, essa noite foi a mais angustiante e mais longa de toda minha vida. Eu ia olhar a papeleta dos médicos e via que a pressão arterial caia, ele estava gelado, quando vinha contração ele mudava de cor, a última vez que levei Sandro ao banheiro quase caímos, foi a última vez que ele levantou, tomava bastante água.. Ele disse: mainha já que não consigo dormir vamos conversar.

Alucinações
(característica da doença)

Na parede da enfermaria havia três pregos na parede, ele falou estou vendo uma mãe, um filho e um homem com uma metralhadora, depois falou cuidado com as abelhas, ele estava tendo alucinações, naquele momento desejei ser totalmente leiga para não entender o que estava acontecendo.

As 7:h houve a troca de plantão e fui procurar o médico , ele fez as perguntas de praxe, aplicou soro muito rápido ( tiveram que dissecar a veia) ele me implorava não deixe fazer isso se obstruir eu morro, colocaram a sonda a urina era escura, aplicaram uma injeção e ele pedia mainha não deixem aplicar esse medicamento por favor( ele sabia, ele conhecia o remédio eu não). Perguntei a enfermeira o nome do remédio, ela não respondeu, só disse que o meu filho estava delirando.Quando perdeu a voz, gesticulava dizendo que me amava, gesticulava perguntando porque Adeildo estava chorando, eu respondi porque se ele tivesse no seu lugar você também estaria chorando , ele fez sinal que tinha entendido. Nesse momento chegou um médico e falou que ia removê-lo para a UTI, porque todo mundo merece uma chance e ele é muito jovem precisa ter a dele também. Acompanhei a maca até a UTI chegando lá olhei para o meu filho e aqueles olhos verdes lindos olhando pra mim e falei: só saio daqui com você. Passei esses dias no banco do hospital, na segunda feira a noite olhei para o céu e falei com Deus, se o meu filho for ficar comigo espero o tempo que for necessário mas se for teu leve.Meu filho faleceu no dia 09 de junho de 1998.
Laudo do óbito : Pneumonia Lobaria Bilateral+Icterícia+Cirrose hepática Micronodular.
Após seis anos e saindo da depressão, resolvi voltar a viver, foi quando o meu segundo filho adoeceu.

Adeildo Carlos


Na ocasião do ocorrido Adeildoo estava com 17 anos e tinha acabado de ser papai , a partir daí ele começou a engordar, em outubro de 2003 estava pesando 144 kgs obesidade grau III, e com 22 anos. Sempre foi saudável, festivo, feliz,cheio de "amigos",comunicativo.

Em 2001 teve um desmaio sem causa aparente. Em agosto de 2003 começou a queixar-se de câimbras, no final de outubro de 2003 iniciou uma dormência no dedo anelar, com medo e achando que era problema de coração e para sentir-se motivado fez uma aposta com "amigos"(Claudio e Capa) que perderia 30 kgs em 3 meses. Deu início a dieta por conta própria, sem orientação médica ou da nutricionista, ajudado apenas por mim.

Na primeira semana perdeu 5 kg, em 2 meses já tinha perdido 17 kg. Nesse período o pai dele percebeu que ele estava com alteração na voz, que foi ficando cada dia mais abafada e por vezes incompreensível era uma embolada, ele afastou-se do convívio social alegando estar dando um tempo, eu sabia que havia algo errado, mais não sabia o que era. Chegamos ao final do ano de 2003. Ele estava diferente, já não era o mesmo, chegaram a pensar que ele estava fazendo o uso de drogas, um "amigo"(croato) o encontrou as 7 h da manhã e disse:tu já estás bêbado? e os comentários começaram a surgir que só o encontravam bêbado. Ele teve uma inflamação no dente e começamos a associar o problema a voz.

No dia 4 de janeiro Jemede o brother de infância do meu filho ligou pra ele e ficou perturbando por causa da voz, no dia seguinte veio visitá-lo, foi quando percebeu que não era brincadeira, que realmente ele apresentava dificuldades para falar,imediatamente Jemede ligou para o seu pai e pediu para que ele falasse com o seu outro filho que é neurocirurgião do HC e ficou marcada a consulta para o dia 06 de Janeiro de 2004. Em principio pensou-se na possibilidade do problema de saúde estar relacionado por carência de vitaminas B6 devido a dieta. Foram solicitados alguns exames, entre eles eletroencefalograma e ressonância magnética. A cada dia o quadro evoluía, apresentava períodos de hipoatividade com atitude estática e olhar distante sem razão aparente, ele não pestanejava, tinha lentificação psicomotora, fadiga muscular, riso fácil, boca entreaberta constante com muita cealorrea, não demonstrava alterações do nível de consciência, respiração alterada e chorava com muita facilidade.

Com o resultados dos exames, os médicos chegaram a um consenso da necessidade do internamento para investigação, eu já encontrava-se em processo depressivo.
Meu filho internnou-se no HC no dia 13/02/04, com 23 anos, ao saber da história do irmão os médicos conduziram a investigação para doença de Wilson

História Clinica

Previamente são, o paciente relata ter notado certa dormência limitada ao quarto quirodáctilo da mão direita, a qual desapareceu espontaneamente em poucos dias ( há apenas dois meses e meio) Nega qualquer alteração perceptível anteriormente.
Em seguida, iniciou demonstrar dificuldades na fala, com voz “abafada” e por vezes, incompreensível, de aparecimento insidioso (porém rápida evolução). Sua mãe notou também que o paciente apresentava períodos de hipoatividade com atitude estática e olhar distante, sem razão aparente. Não demonstrava alterações do nível de consciência (respondia aos estímulos, sem limitações).
Não obstante, há cerca de um mês evoluiu com progressiva lentificação psicomotora, apresentando dificuldade para iniciar execução de movimentos simples e retardo de reação ao ambiente, o que o impedia de realizar tarefas rotineiras como dirigir sua moto.
Segundo relato, na semana anterior à admissão suas queixas motoras progrediram. Demonstrava tendência a manutenção de postura contrátil não objetiva em membros (mais à esquerda), com fadiga muscular secundária do MIE após algum tempo. Eventualmente referia também contração muscular sustentada involuntária de seu pé esquerdo, com hiperflexão dorsal do hálux e plantar dos artilhos (simultâneas).
A genitora também refere ter notado uma tendência ao riso fácil; aparente atitude pueril salientada pela boca entreaberta constante.
Negava queixas álgicas, alterações sensoriais, sensitivas ou esfincterianas no momento da admissão.

Interrogatório Sintomatológico: Hiporexia: Perda de peso 17 Kg em dois meses.Siaborréia, Disfagia para líquidos (limitada).

HOJE
Atualmente meu filho encontra-se em tratamento. Toma D Penicilamina (Cumprimine) e Piridoxina para repor a perda da vitamina B6 e de quatro em quatro meses faz aplicação de botox.
Leva uma vida normal apesar de ter ficado com seqüelas na voz e uma deficiência no pé que o faz andar puxando um pouco a perna. Fez um concurso público e está trabalhando, hoje sua filha está com dez anos.

Aproveito para registrar os meus agradecimentos a Jemede, Dr Ivaldo Valença, seu filho Marcelo Valença, aos amigos que nos apoiaram e a toda toda equipe do HC de PE.
Em especial ao Dr Felipe e Dr Vieira. Dr felipe acompanha o meu filho até hoje.



DR FELIPE O MEU MUITO OBRIGADO


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