quarta-feira, 23 de abril de 2008

Um mundo sem diferenças



(sem menção do autor)

Grande filósofo chinês em uma de suas viagens. Confúcio, cerca de 500 anos antes de Cristo, foi informado que na próxima aldeia à ser visitada, morava um garoto tido por todos como muito inteligente e falante. 

Chegando lá, Confúcio quis encontrar-se com o garoto e fez questão de conversar com o menino; a conversa estendeu-se por várias horas, e quase no final do assunto o garoto citou que era muito estranho admitir que a superfície do planeta era realmente uma combinação, aparentemente disforme e sem sentido, de altitudes diferenciadas, como, por exemplo, montanhas tão altas que nunca perdem sua cobertura de neve eterna ao lado de vales planícies e até mesmo lagos e rios.

Passaram então a imaginar como construiriam o mundo caso tivessem tal chance?

O menino defendeu a idéia que sua Terra seria perfeita, isto é, sem acidentes geográficos, com a mesma altitude, sem montanhas, lagos ou depressões.

Confúcio encerrou a conversa, e o menino mais inteligente da aldeia ficou vangloriando-se de sua própria idéia: se ele fosse Deus, criaria um novo planeta, perfeito sem diferenças!

Caminhando um pouco mais, no meio da rua Confúcio viu, ao lado de um pequeno córrego, um menino brincando – por coincidência, de idade , próxima à do menino “sábio” da aldeia.

Confúcio foi até ele e brincando perguntou: “ Que tal se você me ajudasse a acabar com as desigualdades do mundo inventando uma nova Terra em que não houvesse diferenças entre as montanhas, os rios, os lagos e - quem sabe até – entre as pessoas”

Por um instante o menino ficou quieto.

Depois de muito refletir, e talvez sem saber direito quem era aquele adulto que passava pela sua aldeia , ele finalmente respondeu ao sábio: “ Por que acabar com as desigualdades?

Se achatarmos as montanhas, os pássaros não terão mais abrigo. Se acabarmos com a profundidade dos rios e dos mares, todos os peixes morrerão. O mundo é muito vasto, muito rico, cheio de oportunidades, por isso, deixe-o com suas diferenças.”

Naquele dia o grande filósofo chinês confirmou, mais uma vez, que sabedoria não está necessariamente na mente daqueles considerados mais sábios, mas sim na daqueles que conseguem perceber o motivo das coisas simples,intrigantes e maravilhosamente desiguais.

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